segunda-feira, 25 de outubro de 2010

História de Fortaleza

História de Fortaleza


A história de Fortaleza é marcada de altos e baixos constantes. A chegada dos colonizadores foi muito custosa e de pouco sucesso inicial. A seca e os índios foram grandes entraves alem do fato de não ter sido achado nenhum metal precioso. O forte marca a ocupação e o surgimento da cidade como elemento protetor dos colonizadores. A vila, depois cidade, se consolida como entreposto para navegadores entre as capitânias do sul e do norte. Mais tarde (1799) com a autonomia administrativa da província do Ceará, Fortaleza torna-se a capital e principal ponto de convergência da produção de charque e algodão, que geram a riqueza necessária para a consolidação da cidade como líder dentre todas as outras. Na virada do século XIX para o século XX Fortaleza passa por grandes mudanças urbanas, entre melhorias e o êxodo rural, e cresce muito chegando ao final do da década de 1910 sendo a sétima cidade em população do Brasil. Entre as décadas de 1950 e 1960 a cidade passa por um crescimento econômico que supera 100% e ao final dos anos 70 começa a despontar como um futuro pólo industrial do Nordeste com a implantação do Distrito Industrial de Fortaleza. Durante a abertura política após o Regime Militar o povo elegeu a primeira mulher prefeita do Ceará, Maria Luiza e a primeira prefeitura comandada por um partido de esquerda. No final do século a administração da prefeitura e a cidade passam por diversas mudanças estruturais com a abertura de várias avenidas e despontando como um dos principais destinos turísticos do Nordeste e do Brasil.

A passagem de Pinzón

Existe uma discussão em historiografia sobre a passagem do navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón pelo Brasil. Os seus relatos apontam como chegada à costa brasileira a data entre fevereiro e março de 1500 ao local que denominou de cabo de Santa Maria de la Consolación e à enseada que denominou de "Rastro Hermoso". Alguns historiadores especulam que o cabo avistado por Pinzón seria a ponta do Mucuripe e outros, que esse local seria o atual cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco. Considerado território português por força do Tratado de Tordesilhas o navegador espanhol viu-se forçado a subir o litoral até onde fosse reconhecida a distância do tratado. A passagem de Pinzón então é considerada o primeiro relato europeu sobre o que hoje é o litoral de Fortaleza.

Primeiros Europeus


O início da ocupação do território onde hoje se encontra Fortaleza data do ano de 1603, quando o português Pero Coelho de Sousa aportou na foz do Rio Ceará. Naquelas margens ergueu o Fortim de São Tiago e deu ao povoado o nome de Nova Lisboa, mas devido a vários fatores, como ataques de índios, falta de recursos e a primeira seca registrada na História do Ceará (entre 1606 e 1607), Pero Coelho acabou abandonando a região. Anos mais tarde, com o objetivo de expulsar os franceses do litoral do nordeste, mais especificamente no Maranhão, chegou aqui o português Martim Soares Moreno em 1613, quando recuperou e ampliou o Fortim de São Tiago, e deu ao novo forte o nome de Forte de São Sebastião. Em 1637 houve a tomada holandesa do forte São Sebastião. Em 1649 uma nova expedição holandesa no Ceará construiu, às margens do Rio Pajeú, o Forte Schoonenborch, começando nesse momento, a história de Fortaleza, sendo responsável por seu início, o comandante holandês Matias Beck. Em 1654 os holandeses foram expulsos e o forte foi rebatizado de Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção.

O surgimento da vila

No ano de 1699 uma Ordem Régia de 16 de fevereiro criava a primeira vila no Ceará. Esta ordem não especificou qual o local exato da vila nova e por isso algumas vilas ficaram em disputa para ser a sede da comarca dentre elas Aquiraz foi quem acabou sendo reconhecida. Com um ataque de índios à vila de Aquiraz a vila do forte acabou sendo o refúgio dos sobreviventes e em 1726, o povoado do forte foi elevado à condição de vila. Em 1759 o Marquês de Pombal expulsa os jesuítas da Companhia de Jesus e os aldeamentos indígenas de Poramgaba e São Sebastião de Paupina, comandados pelos jesuítas, são elevados a condição de vila respectivamente Vila Nova de Arroches e Vila Nova de Messejana. No ano de 1777 o Capitão-Geral José César de Menezes mandou realizar um censo, que relatou uma população de dois mil e oitocentos e setenta e quatro habitantes na vila de Fortaleza. Este ano e o de 1778 foram de seca que dizimou quase todo o rebanho bovino da indústria de charque do Ceará. O golpe final no charqueado foi a seca que durou de 1790 a 1794. Em 1799 a Província do Ceará é desmembrada da Província de Pernambuco e Fortaleza é eleita Capital.

Cidade Capital e o primeiro desenvolvimento

Com o definhar da indústria da carne seca e a autonomia administrativa do Ceará e com as conseqüências da Revolução Americana de 1776 o que se viu no começo do século XIX foi o surgimento da cultura do algodão. Em 1810 chega em Fortaleza o viajante Henry Koster. Com o aumento das navegações direto com a Europa é criada em 1812 a Alfândega de Fortaleza. Neste mesmo ano tem início a reforma projetada pelo tenente-coronel de engenharia, Antônio José da Silva Paulet, da fortaleza e também é construído o primeiro mercado da cidade e no ano seguinte o primeiro chafariz.

Um ano após a Independência do Brasil, em 1823, Fortaleza passou à condição de cidade nomeada pelo Imperador Dom Pedro I de "Fortaleza de Nova Bragança" retornando posteriormente ao seu nome original, Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção. Em 1824 Fortaleza foi palco da disputa entre o Império e os revolucionários da Confederação do Equador. Com a derrota dos confederados, alguns de seus líderes, como João de Andrade Pessoa Anta e o Padre Mororó dentre outros, foram executados no Passeio Público.
Seminário da Prainha em 1890

A partir do Segundo Império Fortaleza vai se fortalecer perante outras cidades do Ceará a partir da política centralizadora de Dom Pedro II. Entre os anos de 1846 e 1877 a cidade passa por um período marcado pelo enriquecimento e melhoria das condições urbanísticas com a exportação do algodão e a execução de diversas obras tais como a criação do Liceu do Ceará e o Farol do Mucuripe em 1845, Santa Casa de Misericórdia em 1861, Seminário da Prainha em 1864, Biblioteca Pública em 1867 e a Cadeia Pública. Porem, em 1851 houve a maior epidemia de febre amarela de que se tem registro e que apressou as obras do hospital. Com o início da Guerra Civil Americana houve um aumento no preço do algodão no mercado mundial o que fez crescer nossas exportações. já em 1870 teve início a construção da Estrada de Ferro de Baturité que tinha começo em Fortaleza. Serviria para escoar a produção até o porto da cidade. A construção da Ferrovia que escoava para o porto a produção agrícola e pastoril do interior ajudou a consolidar Fortaleza como a mais importante cidade do Ceará e impulsionou o desenvolvimento industrial da região.

Belle Époque

De 1860 até 1930 Fortaleza viveu movimentos sociais e culturais marcantes como o movimento abolicionista, nas décadas de 1870 e 1880 que culminou na libertação dos escravos no Ceará, em 25 de março de 1884, quatro anos antes de a abolição ser oficialmente decretada em todo o país, em 13 de maio de 1888. Francisco José do Nascimento, também conhecido como Chico da Matilde e mais ainda como Dragão do Mar, liderou a participação dos jangadeiros no movimento abolicionista negando-se a fazer o embarque de escravos no porto de Fortaleza. O movimento literário Padaria Espiritual surgido em 1892 foi pioneiro na divulgação de idéias modernas na literatura no Brasil. Outras instituições da época foram o Instituto do Ceará e a Academia Cearense de Letras respectivamente fundadas em 1887 e 1894.
Praça do Ferreira com coreto em 1920.

A elite formada notadamente por comerciantes e profissionais liberais vindos de outras regiões brasileiras e do exterior foram as promotoras de mudanças importantes em Fortaleza. De influência européia e guiada por ideais de modernidade, esse contingente teve atuação decisiva. Em 1875, o intendente Antonio Rodrigues Ferreira encomendou ao engenheiro Adolfo Herbster a elaboração da Planta Topográfica da Cidade de Fortaleza e Subúrbios, considerada o marco inicial da modernização urbana. Inspirado nas realizações de Paris, então gerida pelo Barão de Haussmann, Herbster estabeleceu o alinhamento de ruas segundo um traçado em xadrez, de forma a disciplinar a expansão da cidade. A partir de 1880, a cidade ganhou serviços e equipamentos urbanos, como o transporte coletivo por meio de bondes com tração animal, serviço telefônico, caixas postais, o cabo submarino para a Europa, a construção do primeiro pavimento do Passeio Público e instalação da primeira fábrica de tecidos e facção.
Cruzamento das ruas Major Facundo com Liberato Barroso em 1925.

Na virada do século, Fortaleza já detinha a sétima maior população urbana do país, passando a tomar medidas de higienização social e de saneamento ambiental, além de executar um plano de reformas urbano com a implantação de jardins, cafés, coretos e monumentos, e a construção de edifícios seguindo padrões estéticos europeus. Os primeiros automóveis circularam em 1910, e a implantação de bondes elétricos e a circulação de ônibus e caminhões. O Theatro José de Alencar foi inaugurado em 1909 passando a ser o principal espaço cultural da cidade. A Praça do Ferreira era o ponto de estacionamento de bondes e carros de aluguel, concentrando intenso movimento. Entre as décadas, de 20 e 30 foram inaugurados diversos cinemas, e os bairros como Jacarecanga, Praia de Iracema, e Aldeota passam a ser habitados pelas elites que começam a valorizar a proximidade com o mar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário